Publicado na mailing list bicicletada_pt por Mário Alves:
«Olá a todos,
Conforme combinado na MC, aqui vai uma reflexão sobre a Tertúlia.
A
força da MC, como rizoma, ou coincidência (des)organizada, tem muito a
ensinar. Queremos uma viagem pela cidade? Marcamos um encontro a uma
hora determinada e sem hierarquia ou percurso predeterminado e fazemos
caminho. Basta um conjunto mínimo de regras.
O sistema de conferência tradicional PowerPoint (one2many) está um
pouco em crise, não só porque com o aumento da complexidade dos
problemas o papel do "especialista" começa a perder importância, como
começa a emergir cada vez mais a ideia e possibilidade de conversas em
"rede" (many2many) entre pares.
The audience is taking the stage (vídeo de 4 min)
Poderemos pensar no modelo da "desconferência",
não como substituição de uma Tertúlia tradicional mas como uma
possibilidade de eventos preparatórios (em todas as tardes de
cicloficina?) que podem dar origem a uma tertúlia mais tradicional
daqui a uns meses.
A ideia de 'desconferência' (em inglês 'unconference') é muito sumariamente um encontro onde os participantes definem os conteúdos e têm todos uma voz activa - em oposição ao método clássico vertical é um método aberto e horizontal. A desconferência pode começar umas semanas antes do encontro físico, com presença no Blog e/ou com uma página Wiki onde as pessoas propõem e pré-discutem temas (esta preparação não me parece obrigatória, mas pode ser importante). Da Wiki (ou no próprio dia) resultam temas, tudo é relativamente aberto e possível. Cada tema terá o proponente (o que propõe o tema), o facilitador (o que modera discretamente a sessão do tema) e o porta-voz (o que tira notas e fica encarregado de contar o que se discutiu e as conclusões do grupo). O proponente pode pedir ajuda para os papeis de facilitador e porta-voz, mas tb pode, se desejar, ficar com os três papeis. A força está no formato aberto (dá para grupos grandes ou pequenos) e colectivo (todos participam de igual para igual e como bem entenderem). É normal que na primeira meia-hora seja caótico, mas se resultar bem, no final poderá ficar um sentimento de energia e força que raramente se sente nas conferências tradicionais.