Ricardo Batista «O vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa (CML) defende
a necessidade de se repensar totalmente o modelo de mobilidade na
cidade por o existente ser "completamente irracional" e pôr em risco a
sustentabilidade da cidade. "A sustentabilidade da cidade não permite o crescimento do uso de
transporte individual a que se tem assistido nos últimos anos" e a
autarquia é a "principal interessada em reduzir" a entrada e circulação
de carros na cidade por ser uma forma de "não pôr em causa a
sustentabilidade" da cidade, disse Manuel Salgado, perante deputados do
grupo de trabalho do sector automóvel e transportes da comissão
parlamentar de Assuntos Económicos, Inovação e Desenvolvimento Regional. Depois de fornecer dados sobre o Plano de Mobilidade encomendado
pela CML em 2003/2004, acrescentando que este está a ser actualizado,
Manuel Salgado transmitiu aos deputados "uma série de reflexões" que a
autarquia está a fazer sobre esta questão e que "pela primeira vez
estão a ser articuladas com o ordenamento do território". "Não se pode pensar a mobilidade sem a articular com o ordenamento
do território e isso está a ser feito agora pela primeira vez",
referiu, acrescentando que a cidade só é sustentável se forem adoptadas
medidas "globais" alternativas ao uso de transporte privado. Nem mesmo os veículos eléctricos ou híbridos resolvem o problema,
referiu, argumentando que embora contribuam para a diminuição dos
níveis de poluição não resolvem o problema de estacionamento. Adoptar políticas de gestão de tráfego e ordenamento do território,
definir uma hierarquia de gestão da rede de transportes públicos que
articule a cidade", não pensar Lisboa nos limites do município mas em
articulação com os concelhos limítrofes, apoiar sistemas leves de
transporte, como bicicletas, fomentar as deslocações a pé e pensar numa
rede de eléctricos articulada com a rede de metropolitano são, segundo
Manuel Salgado, medidas por que passa a resolução da mobilidade em
Lisboa. Mais corredores "bus", articulação do sistema de portagens com o
fomento do uso do transporte público, tentar que empregos e as
universidades se localizem junto ou próximo de interfaces de
transportes pesados, como caminhos de ferro, metropolitano e autocarro
são, de acordo com o vereador, outras das soluções que estão a ser
pensadas pela autarquia. A audição de Manuel Salgado insere-se num conjunto de audições que o
grupo de trabalho sobre o sector automóvel e transportes tem vindo a
fazer com empresas de transportes, de transporte de passageiros,
associações do sector automóvel e sua ligação ao sector da energia e
transportes em geral com vista à elaboração de um relatório que possa
recomendar ao Governo algumas medidas sobre o sector, disse à Lusa o
deputado socialista Ventura leite, coordenador do grupo de trabalho. No final da audição, Ventura Leite disse à agência Lusa estar
"satisfeito" por a reunião com o vereador da câmara de Lisboa ter
permitido "obter muita informação e constatar que a câmara de Lisboa é
a primeira interessada em contribuir para a diminuição do uso de
viatura privada e assumir compromissos internacionais ao nível do
ambiente, contribuindo para o aumento da qualidade de vida dos
residentes". Questionado sobre o prazo para entrega do relatório do grupo de
trabalho, o deputado socialista disse que termina a 15 de Março,
contando tê-lo "concluído até final de Março". O grupo de trabalho sobre o sector automóvel e transportes em geral
integra os deputados socialistas Ventura Leite (coordenador) e Rita
Miguel, o deputado comunista Agostinho Lopes, o democrata-cristão
Helder Amaral, e o social-democrata Mendes Bota, que hoje não pôde
estar presente, disse à Lusa fonte do secretariado do grupo de trabalho»
4 de Março de 2009