Ontem estive a ler um debate no excelente blog do John Adams. Para quem não o conheça, é um professor que nos anos 70 e 60 lutou contra a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança e foi considerado um excêntrico perigoso. O argumento é que as vidas poupadas nos automóveis corresponderiam a um aumento de peões e ciclistas mortos - e demonstrou nos anos seguintes que foi de facto o que aconteceu. Estas estatísticas foram sempre negadas e ignoradas pelos técnicos de segurança rodoviária - por curiosidade um dos grandes promotores do cinto de segurança foi o Robert McNamara (Secretario de estado da Defesa Americano durante a guerra do Vietname) quando trabalhava para a General Motors.
Numa carta publicada nos comentários, o Director Executivo do Parliamentary Advisory Council for Transport Safety, admite indirectamente que a legislação da obrigatoriedade do uso de cinto de segurança aumentou o número de mortos entre os peões e ciclistas, mas que apesar de tudo o total de número de mortos baixou! Ao que, o também excelente Mayer Hilman, pergunta com astúcia e pertinência: ... if it were true that shifting the burden of risk from car occupants to cyclists and pedestrians saved more motorists’ lives than were lost in dead pedestrians and cyclists, I would be intrigued to know whether he would still support such legislation particularly in the light of the fact that pedestrians and cyclists are at far more risk from the carelessness of drivers than the reverse?
Perturbador... e aconselhável leitura a quem gosta de estatística!
Como se chega daqui ao debate sobre a obrigatoriedade do uso do capacete? De muitas formas - uma delas é que são estas as mesmas pessoas que lutam agora pela obrigatoriedade do uso do capacete - apesar de neste caso o Parliamentary Advisory Council for Transport Safety ter um relatório muito equilibrado sobre o assunto (pdf) o que revela, tal como a abertura a debater a compensação do risco que mencionei acima, que os tempos estão a mudar.