Ciclovias? Não obrigado!

(Adaptado de um original publicado no Vou de Bicicleta . eu)

Quem acompanhe as minhas intervenções acerca do tema ciclovias, sabe que eu sou um grande defensor do ciclismo veícular e portanto um opositor das ciclovias (ciclopistas, pistas cicláveis, etc.) principalmente no que toca ao interior das localidades!

Não digo que não haja casos em que a existência de uma ciclovia traga mais vantagens que desvantagens, mas na maior parte dos casos não existe justificação suficiente para a segregação das bicicletas.


Começando então por falar da segurança dos ciclistas, visto ser esta a justificação que mais vezes é apontada para a criação de ciclovias, redes cicláveis, etc.; pois é necessário que os ciclistas circulem em vias segregadas para evitar que sejam atingidos por um automóvel vindo por trás (segundo os defensores das ciclovias - na maioria das vezes pessoas que nem sequer andam de bicicleta)!

Existem diversos estudos, estatísticas de diversos países, estados ou cidades (excepto de Portugal, infelizmente) que com pequenas variações dizem o seguinte: a maior parte dos acidentes que envolvem uma bicicleta e um veículo motorizado acontecem nos cruzamentos e não nos trechos entre estes:

Se quisermos categorizar os acidentes, temos a seguinte lista:

Bike Statistics
Retirado de How to Ride in Boston Traffic - Or Anywhere
De todos os acidentes sérios:
  • 18% - Colisões automóvel-bicicleta
  • 50% - Ciclista segue sozinho

Os restantes são colisões com outros ciclistas, peões e cães.

Colisões automóvel-bicicleta:

  • 0,5% - Colisões por trás
  • 4% - Ciclistas guinam para o caminho do carro
  • 12% - Carro vira à direita a partir da faixa da esquerda
  • 12% - Carro vindo no sentido contrário vira à esquerda
  • 14% - Ciclista circula em sentido contrário

95% das colisões automóvel-bicicleta ocorrem nos cruzamentos

O grande problema com as ciclovias é que servem para evitar os acidentes que ocorrem nos trechos entre cruzamentos (como vimos são números muito pequenos) e potenciam os acidentes nos cruzamentos que para além de serem os que mais vezes acontecem, são também os mais perigosos!
Isto acontece, porque o próprio desenho das ciclovias faz com que nos cruzamentos o ciclista apareça fora do local para onde os condutores de outros veículos estão a olhar!

Para que a constatação deste facto - ciclovias aumentam o número de acidentes nos cruzamentos - não fique simplesmente pelo óbvio, deixo aqui um quadro retirado de um estudo efectuado em Copenhaga baseado em valores antes e depois da introdução de ciclovias em algumas ruas:

Como é possível ver, as ciclovias realmente servem para diminuir as colisões por trás (que são uma muito pequena perecentagem das colisões que) mas, e este é um GRANDE MAS, aumentam e muito (nomeadamente quando o automóvel vira à direita à frente do ciclista) aqueles que acontecem nos cruzamentos - os que mais acontecem e que mais graves são!

Comentários

Nada como os estudos

Pois é, acho que as ciclovias são mesmo importantes é quando há vias rápidas ou estradas estreitas com muito trânsito automóvel. Na realidade, no trânsito urbano, e enquanto há muito trânsito automóvel, as bicicletas deslocam-se às mil maravilhas. Nas rotundas torna-se um pouco complicado, mas com alguma prática acaba por ser fácil. Uma das minhas teorias é que quanto mais depressa andarmos, quando os automóveis estão também em movimento, mais fácil é circular, pois dá mais tempo para os condutores se aperceberem da nossa presença e de quais as nossas intenções, que devemos sempre sinalizar com gestos amplos!

 

João Paulo Pedrosa

No less than no stress