O texto anterior, recebi-o de uma associação espanhola: Granada Via Verde. Essencialmente apresenta um documento por eles elaborado cujo título é bem expressivo: «A falsa segurança da ciclovia urbana».
Penso ser importante que conheçam um pouco desta associação, visto que quase todos conhecem a minha opinião sobre o tema das ciclovias, pelo que deixo aqui uma nota sobre a história da Granada Via Verde: Esta associação nasceu fruto das Massas Criticas em Granada e começou a ser mais visível como DEFENSORA DAS CICLOVIAS, nomeadamente quando o seu município quis substituir uma ciclovia por uma via Bus + Bici.
Entretanto começaram a questionar a segregação e o resultado é uma mudança na posição relativa às ciclovias como prova o documento enviado no mail anterior.
No pretendemos abrir un tema a debate en esta lista de correo, creemos más eficiente el debate en persona. De cualquier manera, para contactar con nosotros podéis hacerlo através de nuestro correo granadaviaverde_@hotmail.com
Se trata de un texto centrado exclusivamente en el análisis técnico de la supuesta seguridad del carril bici urbano, es decir, las vías ciclistas urbanas segregadas del tráfico (que no las vías reservadas); sobretodo para ciclistas inexpertos y niños tantas veces mencionados a la hora de justificar su construcción.
VÍAS CICLISTAS URBANAS SEGREGADAS DEL TRÁFICO (CARRIL BICI Y ACERA BICI): 1. VÍAS CICLISTAS: 1.1- Vía segregada del tráfico 1.2- Vía reservada 1.3- Acera bici 2. ANÁLISIS DE LAS PROMESAS DE LAS VÍAS CICLISTAS URBANAS SEGREGADAS DEL TRÁFICO (CARRIL BICI Y ACERA BICI): 2.1- Segregación del tráfico 2.2- "Seguridad" 2.3- Recuperación del espacio "público" 3. FOMENTO DE LA BICI http://granadaviaverde.blogspot.com/2008/05/la-falsa-seguridad-del-carril-bici.html
Parece mais razoável falar com as entidades responsáveis (Câmaras Municipais?) para exigir que criem ciclofaixas\ ciclovias, no entanto, algumas pessoas tomam a iniciativa e pintam elas mesmas ciclofaixas (o que é o caso das das fotos em Curitiba Brasil). O que é ilegal mas tem o seu quê de curioso.
A propósito dos activistas de Madrid, troquei alguns e-mails com membros desta lista sobre as Sharrow (bons e maus exemplos, aqui) , que a Ana também assinalou - as sharrow são de facto instrumentos muito importantes e que foram incluidos na Proposta de Alteração ao Código da Estrada. Não sei realmente se fará sentido falar em vias com prioridade à bicicleta quando a interessante proposta da FPCUB visa que os ciclistas circulem em vias partilhadas no sentido do fluxo normal de tráfego. Uma das questões essenciais não é tanto a prioridade, mas que as Sharrows, como muito bem diz o Marcos, sejam colocadas ao centro da faixa da direita - longe da ratoeira do lancil e da "zona de portas". A noção de prioridade ("cedência de passagem") é importante nos cruzamentos e por várias razões é importante, mas não é essencial para este conceito.
Sobre as medidas de acalmia podiam ser provisoriamente, como explica o Marcos, com um espaço de 1,5 m ao centro (almofadas de Berlim , pode ser uma das soluções em certos casos) ou com o uso de plataformas com rampas suaves ou mesmo sinosoidais que poderão servir como passagens de peões. Os cruzamentos, e aqui poderá fazer sentido em falar em prioridade, podiam ser levantados à cota do passeio criando um local de prioridade ao ciclista e ao peão. Mas muito cuidado com soluções pensadas só por pessoas que não são ciclistas ou não sabem bem do que se está a falar quando se fala de inversão do paradigma. E muito importante - não fazer estas soluções só a pensar nos ciclistas, mas ter uma abordagem em que se pense em todos os modos de transportes tendo o cuidado de proteger acima de tudo os mais vulneráveis.
Outro instrumento interessante, que já tive oportunidade de falar nesta lista, são as Bike Boulevards que começam a aparecer um pouco por todo o lado nas Américas. Reparem como são grandes este tipo especial de Sharrow!
Espero que a FPCUB não ignore o trabalho feito pelo Trajecto Farol que tem o mérito, entre outros, de assinalar que entre o Campo Grande e o Rossio existem, em 80% do percurso, laterais que podem ser locais preferenciais para o uso da bicicleta - neste caso as acalmias de que fala o Marcos e as Sharrows viriam mesmo a calhar com muito pouco dinheiro. Medidas físicas de forma a que o tráfego não circule a mais de 30 km/h e reparação urgente do asfalto seria possível com muito poucos recursos melhorar consideravelmente a segurança dos ciclistas. No caso da Av. Fontes Pereira de Melo, o Trajecto Farol já aponta para a possibilidade de alargar as faixas BUS reduzindo as faixas automóveis para os 3 metros. Resta o problema do Marquês de Pombal que é complexo mas, mais uma vez o grupo, já apontava para algumas soluções viáveis e interessantes. Seria interessante que a FPCUP contactasse o grupo que trabalhou no assunto (eu acompanhei com muita atenção, mas nunca colaborei activamente), para troca de opiniões e inclusivamente preparar um documento à CML.
Resta-me comentar os receios da Catarina de partilhar as faixas BUS. Pode ser teoricamente assustador. Digo teoricamente porque qq ciclista que ande pela cidade, sabe que é bem mais complicado e perigoso cumprir à risca a exclusão das faixas BUS - isto é, circular na faixa adjacente ao corredor reservado. Não só é a faixa de rodagem com mais tráfego como tb, se não circularmos ao centro da faixa, aumenta a possibilidade de ficar entalado entre os carros e os autocarros e táxis. Na maior parte dos casos é melhor abrir os corredores BUS a ciclistas com acções de formação aos motoristas e taxistas. Sei que no passado, um grupo de entusiastas da FPCUB que trabalhava na Carris, já fez cursos de formação sobre o assunto - seria por exemplo um projecto interessante a apresentar à CML por parte da FPCUB, novos cursos de formação para motoristas de autocarros e táxis. É muito mais fácil formar este grupo restrito em pouco tempo, que formar todos os condutores de Lisboa.
Este tipo de soluções de partilha lança de novo a discussão da inevitabilidade de alterar o Código da Estrada. Uma das regras que se propõe, e a exemplo do Código Espanhol, é que o veículo motor deve manter uma distância mínima de 1,5 metro do ciclista e ocupar totalmente ou parcialmente a faixa de rodagem. Pode-se acrescentar, pensando nisto pela primeira vez, que na presença de uma sharrow, o veículo a ultrapassar o ciclista terá que usar obrigatoriamente a totalidade da faixa adjacente da esquerda (isto é retirar a palavra parcialmente). No entanto, como é sempre muito mais complicado a formação de condutores e fazer com que adoptem comportamentos de protecção ao mais vulnerável, é bem mais importante haver regras que encorajem e protejam o uso do centro da faixa de rodagem por parte do ciclista.
Este tipo de faixa partilhada com uma sharrow bem no centro da faixa da direita, poderia ser a solução para muitas vias - por exemplo a marginal. Desde que se colocasse mais controlo de velocidade e houvesse regras claras, como a obrigatoriedade de ocupação da faixa esquerda adjacente para ultrapassagem do ciclista, este tipo de medida retiraria pouca capacidade aos automóveis. E seria uma regra simples de perceber e fiscalizar!
É este tipo de soluções inovadoras que nos exigem os próximos tempos - isto já não vai lá com paninhos quentes. Só precisamos de trabalhar todos juntos e ter a sabedoria de as exigir.
Abraços,
Mário
PS Ainda sobre o assunto do medo e neste e-mail, a formação dos motoristas, não se deve deixar de mencionar a importância da formação dos próprios ciclistas. Questão que a mais uma vez a FPCUB poderia ter muito a dizer.
Para tod@s aquel@s que se inscreveram nos meses mais recentes nesta lista de discussão e se interessam pela problemática das ciclovias, gostava de propor a leitura de alguns emails anteriores e de dois documentos sobre esse assunto.
Os emails anteriores foram trocados na lista de discussão de Lisboa a 12 de Setembro de 2005, mais dia menos dia. Podem consultá-los em: https://lists.riseup.net/www/arc/bicicletada_lx/2005-09/mail1.html https://lists.riseup.net/www/arc/bicicletada_lx/2005-09/mail2.html
Os documentos cuja leitura proponho são da autoria de Mário Alves, engenheiro civil pelo Instituto Superior Técnico, especialista em transportes e mobilidade com o grau de mestre pelo Imperial College London. Devo ao Mário muito daquilo que hoje em dia conheço acerca dos perigos insuspeitos das ciclovias segregadas. http://mariojalves.googlepages.com/encorajarousodabicicletav1.pdf http://mariojalves.googlepages.com/problemas_segregacao_bicicleta.pdf
Boa leitura!
Marcos
PS. Continua em cima da mesa o desafio sobre como fazer ouvir a voz dos ciclistas urbanos!!
Ecopista vai ligar Vila Pouca de Aguiar e Laza, na Galiza
Quem é a "Granada Via Verde"
Essencialmente apresenta um documento por eles elaborado cujo título é bem expressivo: «A falsa segurança da ciclovia urbana».
Penso ser importante que conheçam um pouco desta associação, visto que quase todos conhecem a minha opinião sobre o tema das ciclovias, pelo que deixo aqui uma nota sobre a história da Granada Via Verde:
Esta associação nasceu fruto das Massas Criticas em Granada e começou a ser mais visível como DEFENSORA DAS CICLOVIAS, nomeadamente quando o seu município quis substituir uma ciclovia por uma via Bus + Bici.
Entretanto começaram a questionar a segregação e o resultado é uma mudança na posição relativa às ciclovias como prova o documento enviado no mail anterior.
Podem ver a história da GVV aqui:
http://granadaviaverde.blogspot.com/2000/02/historia-granada-va-verde.html
Recebido da Granada Via Verde
Hola
No pretendemos abrir un tema a debate en esta lista de correo, creemos más eficiente el debate en persona. De cualquier manera, para contactar con nosotros podéis hacerlo através de nuestro correo granadaviaverde_@hotmail.com
Os presentamos el siguiente documento La falsa seguridad del carril bici urbano http://www.onubenses.org/masacritica/grverde/comomeponeelcarrilbici.pdf (capítulo extraído de Invitación a los colectivos ciclistas: reflexión acerca de sus reivindicaciones, Granada Vía Verde, Granada marzo 2008 http://www.onubenses.org/masacritica/grverde/i.pdf ).
Se trata de un texto centrado exclusivamente en el análisis técnico de la supuesta seguridad del carril bici urbano, es decir, las vías ciclistas urbanas segregadas del tráfico (que no las vías reservadas); sobretodo para ciclistas inexpertos y niños tantas veces mencionados a la hora de justificar su construcción.
VÍAS CICLISTAS URBANAS SEGREGADAS DEL TRÁFICO (CARRIL BICI Y ACERA BICI):
1. VÍAS CICLISTAS:
1.1- Vía segregada del tráfico
1.2- Vía reservada
1.3- Acera bici
2. ANÁLISIS DE LAS PROMESAS DE LAS VÍAS CICLISTAS URBANAS SEGREGADAS
DEL TRÁFICO (CARRIL BICI Y ACERA BICI):
2.1- Segregación del tráfico
2.2- "Seguridad"
2.3- Recuperación del espacio "público"
3. FOMENTO DE LA BICI
http://granadaviaverde.blogspot.com/2008/05/la-falsa-seguridad-del-carril-bici.html
Saludos y muchas gracias por vuestra atención.
Pintar ciclofaixas...
Parece mais razoável falar com as entidades responsáveis (Câmaras Municipais?) para exigir que criem ciclofaixas\ ciclovias, no entanto, algumas pessoas tomam a iniciativa e pintam elas mesmas ciclofaixas (o que é o caso das das fotos em Curitiba Brasil). O que é ilegal mas tem o seu quê de curioso.
Uma opinião de Mário Alves 2.12.07 (da mailing list)
Sobre as medidas de acalmia podiam ser provisoriamente, como explica o Marcos, com um espaço de 1,5 m ao centro (almofadas de Berlim , pode ser uma das soluções em certos casos) ou com o uso de plataformas com rampas suaves ou mesmo sinosoidais que poderão servir como passagens de peões. Os cruzamentos, e aqui poderá fazer sentido em falar em prioridade, podiam ser levantados à cota do passeio criando um local de prioridade ao ciclista e ao peão. Mas muito cuidado com soluções pensadas só por pessoas que não são ciclistas ou não sabem bem do que se está a falar quando se fala de inversão do paradigma. E muito importante - não fazer estas soluções só a pensar nos ciclistas, mas ter uma abordagem em que se pense em todos os modos de transportes tendo o cuidado de proteger acima de tudo os mais vulneráveis.
Outro instrumento interessante, que já tive oportunidade de falar nesta lista, são as Bike Boulevards que começam a aparecer um pouco por todo o lado nas Américas. Reparem como são grandes este tipo especial de Sharrow!
Espero que a FPCUB não ignore o trabalho feito pelo Trajecto Farol que tem o mérito, entre outros, de assinalar que entre o Campo Grande e o Rossio existem, em 80% do percurso, laterais que podem ser locais preferenciais para o uso da bicicleta - neste caso as acalmias de que fala o Marcos e as Sharrows viriam mesmo a calhar com muito pouco dinheiro. Medidas físicas de forma a que o tráfego não circule a mais de 30 km/h e reparação urgente do asfalto seria possível com muito poucos recursos melhorar consideravelmente a segurança dos ciclistas. No caso da Av. Fontes Pereira de Melo, o Trajecto Farol já aponta para a possibilidade de alargar as faixas BUS reduzindo as faixas automóveis para os 3 metros. Resta o problema do Marquês de Pombal que é complexo mas, mais uma vez o grupo, já apontava para algumas soluções viáveis e interessantes. Seria interessante que a FPCUP contactasse o grupo que trabalhou no assunto (eu acompanhei com muita atenção, mas nunca colaborei activamente), para troca de opiniões e inclusivamente preparar um documento à CML.
Resta-me comentar os receios da Catarina de partilhar as faixas BUS. Pode ser teoricamente assustador. Digo teoricamente porque qq ciclista que ande pela cidade, sabe que é bem mais complicado e perigoso cumprir à risca a exclusão das faixas BUS - isto é, circular na faixa adjacente ao corredor reservado. Não só é a faixa de rodagem com mais tráfego como tb, se não circularmos ao centro da faixa, aumenta a possibilidade de ficar entalado entre os carros e os autocarros e táxis. Na maior parte dos casos é melhor abrir os corredores BUS a ciclistas com acções de formação aos motoristas e taxistas. Sei que no passado, um grupo de entusiastas da FPCUB que trabalhava na Carris, já fez cursos de formação sobre o assunto - seria por exemplo um projecto interessante a apresentar à CML por parte da FPCUB, novos cursos de formação para motoristas de autocarros e táxis. É muito mais fácil formar este grupo restrito em pouco tempo, que formar todos os condutores de Lisboa.
Este tipo de soluções de partilha lança de novo a discussão da inevitabilidade de alterar o Código da Estrada. Uma das regras que se propõe, e a exemplo do Código Espanhol, é que o veículo motor deve manter uma distância mínima de 1,5 metro do ciclista e ocupar totalmente ou parcialmente a faixa de rodagem. Pode-se acrescentar, pensando nisto pela primeira vez, que na presença de uma sharrow, o veículo a ultrapassar o ciclista terá que usar obrigatoriamente a totalidade da faixa adjacente da esquerda (isto é retirar a palavra parcialmente). No entanto, como é sempre muito mais complicado a formação de condutores e fazer com que adoptem comportamentos de protecção ao mais vulnerável, é bem mais importante haver regras que encorajem e protejam o uso do centro da faixa de rodagem por parte do ciclista.
Este tipo de faixa partilhada com uma sharrow bem no centro da faixa da direita, poderia ser a solução para muitas vias - por exemplo a marginal. Desde que se colocasse mais controlo de velocidade e houvesse regras claras, como a obrigatoriedade de ocupação da faixa esquerda adjacente para ultrapassagem do ciclista, este tipo de medida retiraria pouca capacidade aos automóveis. E seria uma regra simples de perceber e fiscalizar!
É este tipo de soluções inovadoras que nos exigem os próximos tempos - isto já não vai lá com paninhos quentes. Só precisamos de trabalhar todos juntos e ter a sabedoria de as exigir.
Abraços,
Mário
PS Ainda sobre o assunto do medo e neste e-mail, a formação dos motoristas, não se deve deixar de mencionar a importância da formação dos próprios ciclistas. Questão que a mais uma vez a FPCUB poderia ter muito a dizer.
Segundo Marcos Pais (na mailing list):
Olá!
Para tod@s aquel@s que se inscreveram nos meses mais recentes nesta lista de discussão e se interessam pela problemática das ciclovias, gostava de propor a leitura de alguns emails anteriores e de dois documentos sobre esse assunto.
Os emails anteriores foram trocados na lista de discussão de Lisboa a 12 de Setembro de 2005, mais dia menos dia. Podem consultá-los em:
https://lists.riseup.net/www/arc/bicicletada_lx/2005-09/mail1.html
https://lists.riseup.net/www/arc/bicicletada_lx/2005-09/mail2.html
Os documentos cuja leitura proponho são da autoria de Mário Alves, engenheiro civil pelo Instituto Superior Técnico, especialista em transportes e mobilidade com o grau de mestre pelo Imperial College London. Devo ao Mário muito daquilo que hoje em dia conheço acerca dos perigos insuspeitos das ciclovias segregadas.
http://mariojalves.googlepages.com/encorajarousodabicicletav1.pdf
http://mariojalves.googlepages.com/problemas_segregacao_bicicleta.pdf
Boa leitura!
Marcos
PS. Continua em cima da mesa o desafio sobre como fazer ouvir a voz dos ciclistas urbanos!!