Tensão cresce nas ruas de Portland com chegada de nova “legião” de
ciclistas
01.08.2008 - 11h49 Reuters
Motivadas pelo aumento do preço
dos combustíveis, cada vez há mais pessoas a circular de
bicicleta na cidade
norte-americana de Portland, Oregon. Mas esta convivência está a
revelar-se
difícil e a causar uma tensão crescente que opõe ciclistas a automobilistas,
com trocas de acusações sobre a segurança.
A imagem de Portland como
a cidade americana mais “amiga das bicicletas” saiu manchada
depois de uma
série de violentos confrontos registados nas últimas semanas entre
ciclistas
e automobilistas.
Em meados de Julho, um automobilista enraivecido
perseguiu um ciclista e arrastou-o com o
carro por vários quarteirões. Antes
disso, um ciclista zangado com um automobilista que
gritou com ele depois de
ter passado um sinal de Stop, atirou a sua bicicleta para cima
do carro e
atacou o condutor.
“Vemos cada vez mais ciclistas nas ruas devido ao
aumento dos preços da gasolina e mais
destes” problemas, contou Marni
Ratzel, adepto da bicicleta e do andar a pé em Boulder,
Colorado, onde
existem mais de 483 quilómetros de ciclovias.
Em Louisville, Kentucky, o
número de ciclistas duplicou ou triplicou desde o ano passado,
segundo as
estimativas de Dirk Gowin, administrador do sistema de transportes da cidade.
“A educação é a questão principal”, disse Gowin. “Temos ciclistas a pedalar
em sentido
contrário, nos passeios ou sem capacete. Não sabem o que estão a
fazer”.
Uma queixa comum dos automobilistas é a de que os ciclistas não
obedecem ao Código da
Estrada. Estes acusam os condutores de não olharem
pelo espelho retrovisor.
No mês passado, um protesto de ciclistas em
Seattle tornou-se violento quando um condutor
atropelou vários ciclistas que
estavam a bloquear uma estrada. Vários ciclistas, segundo
a polícia de
Seattle, saltaram para cima do carro, partiram o vidro da frente e furaram
os pneus.
Pedalar pode ser um estilo de vida
Mas a maioria dos
ciclistas não é demovida por estes incidentes, porque a maioria das
viagens
são pacíficas. Ir de bicicleta para o trabalho, dizem, traz benefícios
ambientais
e para a saúde.
Os ciclistas ainda são uma minoria nos
Estados Unidos. Apenas 0,4 por cento dos
americanos vai para o trabalho de
bicicleta, comparados com os 2,5 por cento que vão a pé
e os 77 por cento
que vão, sozinhos, de carro, segundo números de 2005.
Em Portland, onde
seis por cento das pessoas vão, todos os dias, a pedalar para o
emprego, há
quem vá de bicicleta até ao clube de vídeo, à mercearia e ao restaurante.
“Dantes víamos três bicicletas no trânsito, à espera do sinal verde. Hoje
vemos 12”,
disse Dave Pearson, que pedala 24 quilómetros até ao
emprego.
No ano passado, morreram seis ciclistas em Portland, em
acidentes no trânsito.
As autoridades locais estão a tentar tornar as
ruas mais seguras, para uns e para outros.
A cidade está a experimentar
pintar no chão áreas em frente de um cruzamento para que os
ciclistas possam
parar num sinal vermelho à frente dos automóveis.
Aqui - http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1337313&idCanal=92